José Luís Pinto Basto
(The Edge Group) e António Soares (na fotografia) apresentam a “Cidade
Belenenses”.
Depois de no passado sábado os sócios terem
fica do a saber primeiras linhas gerais do projeto ‘Cidade Belenenses’, dada a
conhecer por A BOLA, em primeira mão, a 12 de abril, José Luís Pinto Basto, CEO
do The Edge Group, o investidor do projeto de requalificação, fala pela
primeira vez sobre as ideias e as linhas mestras desta parceria, cujo resultado
final, ainda sujeito à aprovação dos sócios, será conhecido apenas em 2017, com
a conclusão total das obras.
«O Belenenses há mais de uma década que
tenta requalificar a zona do Restelo, que tem grande potencial e da qual o
clube tira pouco partido. Vai utilizando o pavilhão e o campo de treino, mas
nem esses têm condições ideais. Nós em 2010 tivemos conhecimento desse
interesse, viemos falar com o presidente da altura (João Almeida) e
apresentámos uma proposta, que não se efetivou. Há seis meses voltámos a
conversar e o interesse mantinha-se. É um projeto viável com retomo
interessante para ambas as partes», garante José Luís Pinto Basto, confessando
o desafio nesta requalificação: «Não é o nosso maior projeto, e seguramente não
é o que dará mais retomo financeiro. Mas é, talvez, o mais aliciante e
desafiante que temos, não só pelo tipo de estruturas mas também por estarmos a
falar numa zona nobre de Lisboa. Dá-nos grande motivação e responsabilidade.»
Apresentado o projeto aos sócios, o próximo
passo passa pela votação, em Assembleia Geral, da ‘Cidade Belenenses’, ainda
antes da elaboração dos projetos finais para aprovação na Câmara Municipal de
Lisboa.
«Ainda não temos data definida para a AG
mas terá de ser feita num prazo de 180 dias. Já foi apresentado o projeto que,
do ponto de vista arquitectónico, não é a versão final. Mas a ideia está lá e
passa por aproveitar os 11 hectares do complexo, deixando de ter um centro de
custos para passar a ter uma fonte de receitas», explica António Soares, que
responde aos críticos: «Este é um projeto de grande envergadura, é natural
haver vozes dissonantes. O presidente da mesa da AG (Carlos Pereira Martins)
tomou uma posição que prefiro não comentar. Nesta altura há um sócio contra, o
presidente da AG, e outro a favor, que sou eu. Os outros irão desempatar.»
Sobre a posição da SAD, liderada por Rui
Pedro Soares, o presidente do Belenenses é claro: «Não vale a pena bater nessa
tecla. O futebol profissional é uma coisa, o Belenenses é outra. Isto não diz
respeito à SAD, mas ao clube e aos seus sócios.»
Caso a ‘Cidade Belenenses’ se torne uma
realidade, o clube do Restelo passara a ter uma receita anual extraordinária
de, no mínimo, 840 mil euros nos próximos 50 anos.
«Essa é a base mínima que
o The Edge Group garante, haja ou não receitas. Faz parte do risco da nossa
atividade. A partir dessa base a parte variável é partilhada, com o Belenenses
a receber 25 por cento. Desde que não haja incumprimento do The Edge Group, o
acordo de 50 anos é renovado automaticamente», explica José Luís Pinto Basto.
Para onde irão essas receitas?
«Para a melhoria das infra estruturas e
para termos melhores jogadores e melhores equipas. Independentemente de
agradecermos aos sócios que têm gerido as modalidades num momento difícil, a
pouco e pouco queremos que elas voltem a ser dirigidas pela direção», diz
António Soares, que assume o tema mais delicado em todo o processo: a
possibilidade do Belenenses ter de pagar para utilizar as infra-estruturas que
serão criadas, como o pavilhão e os campos de treino: «Percebi com os sócios
que essa questão é delicada… e ainda está em aberto. Será discutida nestes 180
dias. O Belenenses tem interesse em maximizar a sua utilização e iremos chegar
a um entendimento.»
Garantido no contrato está o facto de
nenhuma receita poder ser antecipada por parte do Belenenses.
«Essa foi uma moda nos clubes de futebol. O
Belenenses, por exemplo, tem duas bombas de gasolina e até tenho vergonha em
dizer o que recebemos atualmente desses espaços. É ridículo. Os dirigentes têm
de perceber que quando antecipam receitas comprometem o futuro e isso foi feito
ao limite. Queremos precaver essa situação e deixamos isso blindado», explica
António Soares.
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